quinta-feira, 2 de novembro de 2023

CULTO ANCESTRAL – Parte 1: Teoria

Por Draco Stellamare



Vanitas Still Life (ca 1665-1670) - Jan Van Kessel


Uma árvore separada de suas raízes seca e morre. Ela se tornará matéria orgânica para enriquecer o solo onde outras árvores podem um dia surgir, mas aquilo que ela foi um dia será esquecido neste mundo. Não é por acaso que pensamos em linhagem familiar como uma árvore. Tendemos a organizar a genealogia dessa forma, mas frequentemente o fazemos como se o indivíduo no tempo presente fosse o “tronco”, do qual seus antepassados brotam como ramos, e na realidade é justamente o oposto: eles são nossas raízes, adentrando o mundo ctônico dos seres que estão mortos, enquanto a nossa descendência sanguínea e espiritual são os ramos que se erguem a partir de nós. Um não pode existir sem o outro: raízes, tronco e ramos superiores formam uma árvore completa. Por sua vez, as árvores interagem umas com as outras, tanto acima da terra quanto embaixo, formando uma rede de trocas e amálgamas da qual conhecemos muito pouco a respeito.