Por Draco Stellamare
Há um assunto sempre muito debatido
nos círculos de bruxos tradicionais que me faz refletir e procurar respostas no
passado, tanto o meu quanto o dos outros. Esse assunto é a relação íntima e ao
mesmo tempo conflituosa e incompleta entre a bruxaria historicamente precedente
à Wicca de Gerald Gardner e o esoterismo – em sentido tradicional da palavra. A
noção esotérica de tradição é o que faz com que muitos de nós tenhamos aderido
ao termo bruxaria tradicional para designar as nossas práticas, pois ele
reflete as noções de linhagem iniciática, simbologia coesa e alinhamento com os
pressupostos e estruturas dados pela tradição perene (ou qualquer outro nome
que se queira dar para esse mesmo conceito). Contudo, maiores detalhes sobre
como se deu esse processo de “esoterização” de nossas bruxarias frequentemente
fogem ao nosso entendimento.
No pouco tempo livre que me sobra entre o trabalho, a manutenção da vida doméstica e os afazeres pertinentes aos meus grupos de bruxaria, li um texto relevante da autoria de Andrew D. Chumbley – um autor frequentemente mencionado por mim e não por acaso – para a antologia Hands of Apostasy publicada em 2014 pela Three Hands Press. Esse texto se chama The Magic of History e, como o próprio título sugere, aborda as complexidades existentes entre a concepção acadêmica-historiográfica sobre o passado e a concepção interna às tradições bruxas sobre sua própria história. Chumbley elabora nesse texto uma linha de pensamento sobre a evolução das bruxarias inglesas que eu mesmo me valho para compreender as tradições italianas – em específico a minha.