Há um vício contemporâneo horrível na lida com o caminho espiritual, que é a racionalização excessiva da prática sustentada pelo academicismo.
Meus textos sobre bruxarias tradicionais, espiritualidade e outras reflexões.
Há um vício contemporâneo horrível na lida com o caminho espiritual, que é a racionalização excessiva da prática sustentada pelo academicismo.
Sophia Bailer, praticante de powwow, realiza cura do fogo-selvagem. Fonte: Don Yoder Collection, Pennsylvania German Cultural Heritage Center, Kutztown University. |
"Hoje eu atravesso soleira da porta, Cristo é meu companheiro. A terra são meus sapatos, e os céus são meu chapéu. O santo anjo é minha espada. Só quem me ama e me valoriza vai me ver hoje. Caso contrário, meus inimigos devem ser cegos, para que em nenhum lugar eles me vejam ou me encontrem. Isso seja concedido a mim por Deus e Nossa Senhora, e a quem quer que eu encontre, eu deverei superar."- Tradução de uma conjuração de proteção de um braucher.
Apesar da notória xenofobia existente entre setores da população estadunidense e da forma problemática que o governo dos Estados Unidos da América vem tratando os imigrantes em seu território na atualidade, a história daquele país foi em grande parte moldada pela imigração. Entre ingleses, italianos e irlandeses, uma das principais presenças migratórias vindas da Europa para a América do Norte foi a dos alemães, em especial a parcela populacional que se estabeleceu na região da Pennsylvania – entre os estados de Maryland e New York – durante os séculos XVIII e XIX, os chamados Pennsylvania Dutch ou Pennsylvania Germans.
“A Cruz no peito e o Diabo no feito” – Ditado popular de algumas regiões de Pernambuco, Brasil.
Fotografia de William Montensen, pertencente a ensaio realizado entre 1926 e 1927, retratando a execução de uma bruxa frente ao escárnio social e a exibição de símbolos cristãos. |
Certa vez um professor do colégio me disse que “o maior ato de liberdade individual é ferir a individualidade do outro”. Não sei em quais filósofos ele se pautou para produzir essa colocação, se é que se pautou em alguém, mas fato é que essa frase, com a qual ainda não decidi se concordo ou não, me acompanhou durante toda a vida na tentativa de entender alguns comportamentos que, vira e mexe, o ser humano vem a repetir.
The Tree of Knowledge - de Sebastian Münster, Cosmographia (1544). |
O processo de troca de pele das serpentes é chamado de ecdise, palavra derivada do grego ἔκδυσις. O termo também é utilizado para alguns seres que perdem seu exoesqueleto de tempos em tempos, como crustáceos e insetos.
As serpentes, assim como outros animais que perdem a pele ou o exoesqueleto, abandonam essa parte exterior do corpo de tempos em tempos porque ela impede o seu crescimento, graças à sua dureza ou inelasticidade. No decorrer do processo de ecdise, a membrana dos olhos da serpente também resseca para ser abandonada e dar lugar a uma nova membrana, e neste intervalo o animal fica temporariamente cego. Não é à toa que a ecdise, quando interpretada de maneira simbólica, sintetiza de maneira quase literal determinados processos cíclicos que encontramos na vivência espiritual da bruxaria.
"A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si." - Gênesis 3: 6-7.
Uma das árvores mais importantes da tradição espiritual do mediterrâneo é sem sombra de dúvidas a Figueira. Sua relevância atravessa culturas e religiosidades diversas, e acumula significados contraditórios que se complementam numa ideia “agridoce” de árvore sagrada, uma ideia que permite acompanhar e refletir a própria transição de perspectivas sobre o sagrado e o profano ao longo da evolução do ocidente.
Pipal des Banians - Pintura da Ficus religiosa por M. Achille Comte (1854). |